2005-09-25

Balada de La Felgueirita, a Fora da Lei

Na história do Far West nunca se tinha conhecido um diabo de saias como La Felgueirita.
Em matéria de pilhagens, batia muito homem aos pontos. Saía de casa de manhã cedo, com uma saia rodada, um sorriso matador, um alforge azul pendurado no dorso do seu cavalo Cara Linda e uma caçadeira de canos cerrados para semear o terror nas estradas.
Às vezes era assediada pelo bando de Avelyn Dalton e por Major Brave Goldtree, para reforçar as fileiras do maior bando de cangaceiros das Terras Sem Lei. Mas, a La Felgueirita le gustaba muchissimo el trabajo independiente, coño!
Penduravam-se cartazes com a sua foto a sépia nos troncos dos chaparros de todo El Vale, e à porta da taberna de OK Curral, onde Felgueirita aparecia de tempos a tempos para desafiar homens para o braço de ferro e vencer concursos de tequilla.
Um dia, OK Curral acordou ao som das cornetas da 7ª de Cavalaria, que galopava contra o vento e a contra relógio, com a cabeça de La Felgueirita a prémio. A nossa heroína pega no seu cavalo Cara Linda e foge pela pradaria para se exilar numa reserva de índios Comanches, comedores de cabeças mas adeptos de praia, naturismo e amor livre.
Foram os tempos mais gloriosos da sua vida, rodeada de índios altos e bronzeados, com braços fortes e musculados como troncos de árvore, que à noite a carregavam em braços para o seu tippy e lhe davam água de coco e papas de serrabulho à boca (um recuerdo da gastronomia da sua terra, OK Curral). A vida era um dolce fareniente e ela começava a acreditar que amor e uma cabana eram o suficiente para fazer uma rapariga da pradaria feliz.
Mas um dia, o chamamento foi maior e as saudades de OK Curral e de galopar com o seu Alforge Azul venceram-na. Ciente de que Avelyn, Major Goldtree e o seu bando de desperados não conseguiam dar conta do recado no resto do Far West, e da guerra sem quartel que os xerifes moviam à aldeia dos Fora da Lei, La Felgueirita retuerna à su casa, en el cobierto de la noche, montando o seu cavalo Cara Linda. OK Curral devia voltar a ser livre e indomável e os descamisados da Cidade sem Lei precisavam da sua Evita. Quando a viram chegar à cidade, os nativos cantavam, tristemente, à soleira das suas portas:

No llores por mi, Felgueirita!
La verdad es que nunca te quitaré
Ni en tus dias selvajes
Ni en tu loca existencia
Cumpre tu promisa,
Tu Bolsa Azur...

O 7º de Cavalaria esperava ao fundo da Rua Principal, dedos no gatilho, mas La Felguerita avançava corajosamente, os tacões das botas levantando poeira. A Fora da Lei encara os militares, o Xerife e o Deputie (Bob Marley acabaria por matá-lo dois dias mais tarde) e diz as míticas palavras, com um esgar de desdém:

– Falais comigo, canalha?! Falais?! Bá lá... Meique mai dei... murcon!