2005-12-07

Os bichos de Caprivi


E quem é que consegue dormir mais de duas horas na sua primeira noite no mato!?... Eu e a Inês só o conseguimos lá para as duas e tal, três da manhã, atentas a todos barulhos nocturnos indecifráveis, deslumbradas, numa caçada constante a todas as criaturas com asas. A mosquitagem não nos largava e a malta não quis arriscar paludismo à la carte. Afinal, Caprivi é área de risco para a malária: das nove espécies conhecidas, cinco são endémicas; é só escolhermos a nossa estirpe preferida. Lá fora ouviam-se sapos, milhões de cigarras, animais a entrar a e sair do rio em frente, restolhares estranhos, respirações, zumbidos e bater de asas de mariposas dentro do quarto. Até que se levantou a maior tempestade de que me lembro. Um dos raios caiu muito perto do Lodge e fez-nos saltar das camas.
O despertar ("penduka", como nos ensinou o Mark mais tarde) foi às cinco e meia da manhã e ficámos a saber à mesa do pequeno-almoço que o pára-raios tinha sido destruido há uns tempos atrás pela queda de um raio semelhante. O pessoal do Lodge tinha passado a noite a rezar à sucursal local de Santa Bárbara - Trovões, Relâmpagos e C.ª Ldª. , segundo nos constou.

Era uma primeira manhã namibiana muito chuvosa para ver animais, avisaram-nos. Mas não foi impedimento. Aves, gazelas, babuínos, elefantes e hipopótamos não fizeram a menor intenção de se esconderem. Lá fomos nós em direcção ao coração do "pequenito" Mudumu National Park (nem é muito grande; "só" tem 80.000 hectares), a área protegida onde se também se situa o Lianshulu Lodge.


Babuíno juvenil, o único que consegui apanhar de um enorme bando à beira da estrada


Um grupo de quatro ou cinco machos, regalados depois de uma chuvada. Fiquei a saber que nem todos os elefantes machos (bulls, como eles lhe chamam) são solitários.


Gazela de Thompson