2007-03-06

O Gajo da Boina escreveu mais um livro

Ok, rendo-me. O tipo é bom.
Depois de "Mudaremos o Mundo Depois das 3 da Manhã" e "Sou Português, e agora?", Luís Filipe Borges, mais conhecido como o Gajo da Boina ou o Puto dos Pastéis de Nata, lançou mais uma obra de sua lavra: "O Playboy que Chora nas Canções de Amor", da novíssima editora Verso da Kapa.
Aqui se reuniram crónicas inéditas, outras o rapaz escreveu para a Maxmen (onde assina a coluna "Guerra dos Sexos"), contos por estrear e até posts. O Querido Diário de um gajo que, afinal, até é porreiro e está cheio de contradições, como no título, como em todos os humanos normais (pasme-se!). Onde se fala de Yeats e da Nelly Furtado, do Benfica e do Ponto G (qual Santo Graal, qual carapuça!), onde se pondera se, no sexo, é melhor dominar ou ser dominado, para se citar Goethe meia dúzia de páginas à frente.
Um livro com um prefácio no final, feito para um outro livro que nunca existiu; onde as letras se escrevem a branco sob o fundo preto; onde se quis subverter um bocadinho e se conseguiu, um bocadinho, pelo menos na parte do lay out.
Mas o que caiu no goto não foi nada disto. Foi o lado mais deliciosamente piegas do Luis Filipe, com ternas e nostálgicas lembranças de infância e de família e doces descrições de mulheres que não amou.
Fiquei tentada a pensar, depois de ler a crónica "Sara" que, afinal, os homens acreditam em almas gémeas e tal, daquelas a quem não se canta a canção do bandido nem se pergunta "Então, vens aqui muitas vezes?", daquelas por quem nem é preciso estar apaixonado.
Gostei do "Ómega" e de saber que, afinal, havia mais gente a brincar aos Universos Paralelos no sótão de casa, com bonecos desirmanados e casinhas feitas de tábuas e dinheiro falso e felicidades imaculadas.
E deixou-me curiosa a ideia de existir vida nocturna em Fátima.
Tem 140 páginas, lê-se depressa e bem.
Acompanhe-se, a gosto, com Pastel de Feijão ou Jesuíta.