Os vossos dias de abundância estão contados
"Cada coração é uma célula revolucionária", diz a frase atrás deles. Na melhor das hipóteses, cada coração é uma bomba pronta a deflagrar e, o que apanhar no meio, são danos colaterais.
Os terroristas acidentais na foto são o aclamado Daniel Brühl – quem não se lembra do soberbo desempenho em 'Adeus Lenine', de Wolfgang Becker – Julia Jentsch e Stipe Erceg: Os Edukadores.
A arma deles é terrorismo poético, provocar a reacção sem fazer verdadeiro mal a ninguém. Uma ideia que não é propriamente nova: o misterioso Hakim Bey, autor de "Caos, os Panfletos do Terrorismo Ontológico" já dizia:
"Ande nú por aí.
Rapte alguém e faça-o feliz.
Arrombe casas mas, ao invés de roubar, deixe artefactos Poético-Terroristas."
Neste caso, as personagens optaram por deixar estranhas esculturas e instalações artísticas, feitas a partir das mobilias dos ricos, provocam o caos entre os seus bens – os bens que têm a mais. Vingam-se dos ricos com humor, mas não destroiem, não levam nada. Deixam uma mensagem: "Os vossos dias de abundância estão contados" ou "Têm demasiado dinheiro".
Este filme de Hans Weingartner – o neurocirurgião que se tornou realizador, que viveu numa casa ocupada de Berlim e a viu ser invadida por polícias e destruída – é uma ode ao idealismo, que na boca deles chega a raiar o moralismo ingénuo e datado. Mas vão vê-lo, antes que saia de exibição. Está no King, por enquanto.
Vale por Julia Jentsch, pela história de amor a três, pela recusa em perder a inocência e pelo Jeff Buckley a cantar as soberbas palavras de Leonard Cohen, no final do filme:
"Baby, I've been here before
I've seen this room and I've walked this floor
I used to live alone before I knew y'a.
And I've seen your flag on the Marble Arch
But love is not some victory march
It's a cold and it's a broken Hallelujah..."
2 Comments:
oi bitcho!
isto não anda famoso em termos de cinema.... Mas gostava bem de ver este filme de que falas!
maybe in the next world, como dizia o Morrissey....
enjoy
... e depois conta!
Der Uber.
Talvez seja interessante ter Jeff Buckley como banda sonora e provavelmente o facto de ser cinema alemão, mas para quem viu..... claro
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