2005-10-11

Sete Razões para ser fã do Senhor Carvalho

Este blogue está mais abandonado que um Serra da Estrela em Agosto, é verdade.
A razão é simples: o Bicho tem andado com a cabeça à razão de juros. O teclado já se me colou às mãos e acho até que as minhas artérias e os circuitos do meu PC já arranjaram uma maneira de se fundir.
Dão-se alvíssaras a quem me aparecer no estaminé com um bilhete só de ida para a Patagónia...

Nos últimos dias só vi notícias sobre autárquicas. O Tico e o Teco, neste momento, só se aguentam com pouca dose de informação de cada vez. Como de costume, fui ver o que o Senhor Carvalho tinha a dizer sobre o assunto. Sobretudo, no que respeita à Evita de Felgueiras. Sigam o link. http://visaoonline.clix.pt/default.asp?CpContentId=327891

Quem não conhece as crónicas mordazes do Senhor Carvalho na Visão Online, é favor passar por lá quando tiver tempo – até porque ele colecciona comentários de ódio e tem uma legião de anti-fãs, todos a votar no CDS e no Cavaco. Deve divertir-se horrores com as ameaças de morte que recebe. Eu sei que me divirto a lê-los...
Tirando isto, ele é o meu terceiro ícone jornalístico, ao lado do Mário Crespo e do Carlos Fino.
Passo a explicar.
Quando eu era chavalita, para aí com os meus oito anos, não perdia os noticiários do Primeiro Canal – para além de brincar aos telejornais na mesa da sala com um molho de papeis onde lia as notícias porque o teleponto tinha, invariavelmente, berrado. Nessa altura, o Mário Crespo era o enviado especial em Washington e o Carlos Fino vivia em Moscovo, sempre plantado na Praça Vermelha, com o Kremlin por trás. O Mário Crespo tinha o sorriso optimista e desfogado de quem vivia na América e tratava o Reagan por tu (sim, nessa altura era o Reagan) e o Carlos Fino, o ar enfiado e sério de um camarada que, se não se portasse bem, ainda ia parar c'os costados a um Gulag siberiano. E eu dizia para a minha avó: "Um dia quero ir trabalhar ou para o Gulag ou para a Casa Branca" (o que na minha ideia devia ser mais ou menos a mesma coisa).
Crespo e Fino foram ídolos infantis, apenas comparáveis ao Dardacão e aos Jovens Heróis de Shaolin. O que não é desmérito nenhum quando se fala de uma criança de oito anos.
20 anos depois, encontrei a terceira parte do Triunvirato no Senhor Carvalho. Gosto dele porque:
– Escreve como muito, muito poucos.
– Consegue fazer o pessoal rir ou chorar mesmo se escrever sobre protozoários ou sobre as bases do sistema penal finlandês do século XVIII.
– Aos 27 anos já tinha ido para a Albânia e escrito uma das melhores reportagens que já li.
– Não curte o Soares.
– Foi ameaçado pelo Alberto João Jardim e mesmo assim não foi parar ao fundo de uma ravina do Curral das Freiras.
– Mandou um piropo à Fátima Felgueiras (do estilo "está mesmo gira depois de ter feito essas luzes no cabelo!") enquanto tentava entrevistá-la no meio da confuão, e ela mandou-lhe um piropo de volta ("são os seus olhos...").
– É do Porto... e eu curto pessoal do Porto.

Para quem não sabe ele tem um livro – com um título horrível, diga-se – "Dentada em Orelha de Cão", da Campo das Letras, onde reuniu as suas melhores reportagens. Vale bem a pena.

2 Comments:

Blogger Patrícia Rocha said...

Já não era sem tempo!!! Mas valeu esperar pela posta fresca, fresquíssima!

Parabéns pela prosa.

Bejos.

2:02 da tarde  
Blogger Bicho d'Ouvido said...

Olá Vizinha!
É pá... deixa-me ir lavar umas chávenas e cortar umas fatias de pão. Não tenho nada em casa para oferecer às visitas!...
Obrigado pelo piropo literário e por apareceres aqui na toca.

3:08 da tarde  

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